Explique um pouco sobre o projeto Flatfish.
Nós trabalhamos desde o começo do projeto com o SENAI-Cimatec e também com o DFKI (Centro Alemão de Pesquisa para Inteligência Artificial). Fizemos o treinamento de pessoal para desenvolver este projeto no Brasil totalmente. Numa primeira fase, fizemos o treinamento, o primeiro protótipo do Flatfish e o teste em tanque oceânico na Alemanha. Aliás, uma das coisas mais importantes deste projeto foi o desenvolvimento de competência das pessoas, área em que o Brasil carece bastante ainda. Essa equipe que vem trabalhando no projeto é bem jovem e teve a oportunidade de aprender na Alemanha. Depois, voltaram ao Brasil, montaram outro protótipo aqui e realizaram os testes no oceano no País.
E como foram feitos esses testes?
Foi contratado um catamarã, onde a equipe do projeto se instalou. Cerca de 18 pesquisadores ficavam dentro deste barco, fazendo ajustes de software. No teste, o veículo tinha que seguir um pipeline. Testamos essa missão: o Flatfish era lançado do barco, fazia a inspeção do pipeline e retornava ao ponto inicial. Esses testes foram feitos na Bahia. Com isso, praticamente concluímos a fase 2 do projeto, faltando apenas questões de documentação.
Quais serão as próximas fases do projeto Flatfish?
Feito isso, vamos agora para a fase 3, que abrange a industrialização e comercialização do produto. Vamos finalizar a qualificação, fazendo um teste numa instalação real. Depois de feitos esses testes, nossa meta é colocar essa solução no mercado. Nós começamos um processo de identificação de empresas que pudessem trabalhar conosco para transformar esse protótipo em produto. Fizemos uma identificação no mercado e contactamos 15 empresas. Destas, 13 mostraram interesse. Nós escolhemos quatro companhias desta lista no ano passado e solicitamos as propostas. São empresas de porte, que atuam no Brasil e fora também. E agora, iniciamos a negociação com uma dessas empresas. Essa companhia faria a qualificação do Flatfish, fazendo os testes em campo, e depois começaria a produção e comercialização.
Mas a Shell vai comercializar o produto?
Não, não iremos vender. Queremos comprar este serviço do mercado. Desenvolvemos este projeto no Brasil, usando os recursos oriundos da cláusula de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação da Agência Nacional do Petróleo (ANP); e também da Embrapii. Queremos fazer testes no País para utilizá-lo aqui, no pré-sal. Esperamos uma redução entre 30 e 50% dos custos de inspeção. Com essa operação sendo mais barata, vamos usar de forma mais frequente com várias outras aplicações futuramente, como, por exemplo, a detecção de vazamentos.
Quais são as vantagens do Flatfish?
Hoje, as operações com ROV exigem um barco de apoio, que tem um custo em média de US$ 100 mil por dia. Mas com o Flatfish, o operador do veículo define uma missão para o veículo e não depende de um barco de apoio para estar próximo da operação. Este operador pode programar essa missão da unidade flutuante como também de um escritório. Após programada a missão, o Flatfish faz a inspeção, volta para sua garagem submarina e manda os dados para o topside.
Quando os próximos testes serão realizados?
Essa empresa selecionada por nós terá de fazer a qualificação do produto tanto para águas rasas quanto para profundas. E nosso plano é de ter esse veículo fazendo os testes para águas rasas em 2018 e em águas profundas em 2019.
Como andam as negociações envolvendo a comercialização do projeto?
Não tenho previsão, mas nós gostaríamos de ter o contrato assinado nos próximos três meses.
A Shell também tem novos projetos incluindo robótica para inspeção de tanques de FPSO?
A ideia deste projeto é usar um robô que faria a inspeção do casco e da parte inferior do tanque. Serão 30 meses para desenvolver essa ferramenta que vai ajudar a fazer inspeções mais eficientes e reduzindo custos.